30 de novembro de 2014

Um mês sem distrações antes de dormir



Estou escrevendo esse post só pra completar, porque no fundo eu me acho uma falha.
Não tive coragem de fazer um desafio mais difícil (não usar maquiagem? Inacreditavelmente não quero me propor a isso), o planejado era muito extremo (parar com meu TOC?), o improvisado é falso. Ou falho.
Sem distrações antes de dormir ficou mais para "Só desliguei a televisão, mas continuei no celular". E é basicamente isso.

Por uma série de razões, minha irmã deixa a televisão ligada antes de dormir, e ninguém desliga. Aprendi a conviver em clima de guerra, onde eu não posso reclamar de nada sem levar pedradas por todos os lados. Não posso sequer dormir antes dela, porque se eu sugerir de trocar o canal, ou desligar a tv, adivinha, dá briga. 

Em resumo, a rotina é: esperar ela dormir com uma meia hora de segurança, desligar tudo, e dormir. Mas nesse meio tempo eu fico, claro, jogando no celular ou vendo o Instagram. Consegui? Consegui. Tem benefícios. Realmente detesto televisão e sinto como a energia me faz mal.
Mas no fundo, celular nem é tão melhor assim. Por isso que eu to me achando bem falsa.
E olha que eu nem devo nada a ninguém. Mas né, somos sempre nossos piores carrascos.

Outro milagre é eu conseguir fazer um post de todo esse desgosto. Acho que tirar coisas boas do mundano é uma arte - das maiores, e que eu ainda não consegui dominar. Mas fica a tentativa.

31 de outubro de 2014

Um mês sem alimentos de origem animal

Outubro foi um mês que eu aguardei com apreensão. Na comodidade do meu vegetarianismo, o salto para a alimentação vegana seria uma etapa distante, quando eu finalmente pudesse ter mais acesso à comidas com essa restrição, tanto dentro quanto fora de casa. Achei que ia ser muito, muito tenso.

Mas eu me surpreendi positivamente, muito além do que eu esperava. Juro que foi tranquilo. Durante a semana mal deu para sentir, já que tenho o hábito de dar preferência à comidas veganas no almoço, e para o jantar eu passei a cozinhar mais (o que foi ótimo, já que eu adoro minha comida - sem modéstias, porque sou só eu que como mesmo). Açúcar: reestabelecido com Oreo (mas aí comi demais e passei a comer bem menos), paçoca (essa aí continua firme e forte) e jujuba. Queijo: Requeisoy salvou meus dias algumas vezes, mas de resto, não senti muita falta.

Claro que tiveram as partes chatas. Sair de noite significa ter que levar alguma comida pra mim (numa dessas, saí sem levar nada e sofri o resto da noite porque queria pizza, e não batata frita). Não explicar direito significa que de alguma forma vai surgir maionese ou cream cheese no seu pedido, e pela pessoa ter feito com tanto carinho, achei pior mandar devolver do que comer. Viver na dúvida, porque de fato não temos como saber exatamente tudo que cada comida de cada restaurante leva.

Mas muito além disso, senti em mim que, no dia em que eu decidir de verdade abraçar a alimentação vegana, não vou voltar atrás. Senti que é muito mais fácil me desprender do que eu achava essencial na minha felicidade. Faz falta, sim, sonho com um brigadeiro vegano pra suprir isso, mas o tempo passa, a vontade também. E lembrar dos inúmeros motivos pelos quais seguir essa dieta vale a pena sempre ajuda.

Com isso, acabei o mês me sentindo até um pouco culpada por deixar essas descobertas caírem não no esquecimento, mas num terreno sem dono. Por mais que eu tenha adorado a experiência, não sinto que é o momento certo. Preciso do acompanhamento de um médico para ter certeza de que vou repor todos os nutrientes. Preciso de mais alternativas para essas vezes em que eu saio a noite com pessoas que não tem restrições alimentares. Preciso de locais em que veganos, vegetarianos, pessoas com alergia a laticínios e etc, sejam mais respeitadas.

Pra não deixar tudo de lado de uma hora pra outra, eu quero manter minha alimentação vegana durante os dias de semana. :)

P.S.: A foto desse mês é do "pão sem queijo" (feito de batata e polvilho) feat. bolo de cenoura com cobertura de chocolate meio amargo, ambos veganos e maravilhosos <3 font="">

30 de setembro de 2014

Um mês sem álcool


Estou bem longe da boemia dos meus 18, 19 anos, mas nos finais de semana sempre gostei de beber um pouquinho. De uns anos pra cá, passei a beber menos para ficar bêbada, e bem mais pelo sabor das bebidas (no caso, das cervejas). Isso é bom, beber é bom, e claro que eu gosto de como o álcool torna as coisas mais leves. 

Mas é justamente por esse poder alterador da realidade que eu prefiro, muitas vezes, me manter à distância. Me perguntar: "e aí, será que dá um mês sem fugir?"

Dá. Mais fácil do que eu imaginaria. E mais agradável. Conforme os anos passam, minhas ressacas se tornam piores e o dia seguinte é quase todo feito de amargura. Aturar pessoas babacas, lugares entediantes ou minha própria chatice sem fugir é difícil, mas é melhor do que acordar com dores excruciantes e o eterno "por que, senhor, por que eu bebi?"

O que eu não consegui foi resistir a dois goles: de duas cervejarias artesanais aqui do Rio, uma que eu sempre quis provar e não gostei, e outra que eu não conhecia e adorei. E com essa história, meu potencial para tia velha de bar evoluiu para: velhinha fofa que toma chopp de vez em quando.

Esse foi mais um mês me mostrando que a solução é ser comedida, e não extrema.

31 de agosto de 2014

Um mês sem jogos de celular




Eu assumo que, na minha listinha, esse mês tava marcado como "Sem internet e jogos no celular". Porém, como mês passado já foi sem redes sociais, e além disso já fiz maio sem internet depois das 17h (imagina se passo tempo demais online), achei que tava meio repetitivo e fiz essa pequena adaptação.

Passou e nem senti falta. Com uma rápida ressalva pro início do mês, em que eu queria muito terminar de zerar o TwoDots (quer dizer, agora ele já atualizou de novo). Esse desafio fazia mais sentido no mês passado, porque como eu não podia ficar entrando nos Instagrams da vida, ficava jogando durante um tempão.

O que me leva à grande descoberta, bem óbvia, na verdade: meu problema não são as formas que uso pra me distrair, e sim a distração em si. Se eu não tinha redes sociais, ficava jogando. Com a volta delas, nem sinto falta dos joguinhos, e por aí vai. Não sei se essa vontade de fazer coisas "inúteis" pra passar o tempo, diminuir a ansiedade, ou fugir de situações chatas é sempre inválida. As vezes é bem útil poder ter esses escapes em mãos. As vezes.

E por não ser sempre, a conclusão é a de que eu deveria aprender a impor um limite sobre essas distrações. Ao invés de cortar tudo de uma vez, me satisfazer com só um pouco por dia. Aprender a interagir em conversas que eu não gosto tanto assim. Aprender a encarar minhas ansiedades. Descobrir outras belezas na passagem do tempo.

Certamente bem mais difícil. Mas é aí que está o desafio, né?

22 de agosto de 2014

Pop music will never be low brow

Sou fã, mas sou velha. A não ser que me garanta algum benefício como ver tal banda ao vivo, não gasto dinheiro comprando CDs que não vou ouvir e nem tenho amor de colecionadora. Portanto, se eu consigo encontrar na internet, fico mais do que feliz.

Mas de vez em quando surgem coisas tão bonitas que, se eu tivesse dinheiro sobrando pro shipping, me sentiria compelida a ter comigo, como uma obra de arte. O que sempre me lembra Lady Gaga (autora do título desse post e, por sinal, fã de kpop também) e me leva a refletir sobre os limites entre arte e cultura pop. Essa mistura nem sempre é bem recebida pelas pessoas (eu já pensei dessa forma), mas hoje me fascino pela subversão de cada uma delas. Nem toda arte é profunda. Nem todo pop é fútil.

Die Jungs Photobook é a obra em questão. EXO é a banda de modelo.













































1 de agosto de 2014

Um mês sem redes sociais


O desafio desse mes me fez sofrer antes de começar. Não queria deixar o Instagram de lado (hahaha) mas não por não poder postar, e sim por não poder ver fotos legais. Mas né, vamos lá, superando.

Os primeiros dias foram um pouco chatos, não com um sentimento de "preciso-entrar-no-Facebook", mas mais como uma frustração que logo passava. Ela aparecia com frequência, diminuiu com o passar dos dias, e no final virou mais um aborrecimento do que um incômodo. Mas não porque eu queria satisfazer minha ansiedade, e sim por não poder ver determinadas notícias ou outras coisas que, pro meu espanto, aparentemente só funcionam por lá (por exemplo: concursos, ou algumas vagas de emprego) (pois é, eu também não acredito).

Antes do mês começar, estabeleci a exceção de que poderia entrar nas redes sociais durante 2h no dia 15. Isso foi bom pra me deixar menos ansiosa e perceber que, de fato, não perdi nada de muito importante. Ninguém começou a subitamente me amar ou me odiar. E as notícias relevantes chegaram por outros meios. Aliás, esse mês não perdi nada de importante, as pessoas sempre me contavam de qualquer maneira.

Achei que eu ia lidar de forma bem pior com essa abstinência, mas ela me provou, mais uma vez, que eu basicamente escolho ficar entrando no Facebook ou no Instagram porque é confortável e porque me agrada. E mesmo que seja uma desculpa sofrível, é bom saber que a gente não é dependente das coisas que achamos ser. Foi chato e difícil algumas vezes, sim, mas nem sempre. E em alguns meios o vício que eu supostamente tinha não foi nem sentido (oi, Tumblr, oi, Pinterest). Mas eu sei que é sempre um passo, uma linha muito fina, pra começar tudo de volta.

Gostei muito de ter superado esse desafio, principalmente pelo fato de que eu não achava que ia conseguir. Devo admitir que: eu entrei no Facebook algumas vezes pra resolver negócios sobre um show. Porém, como não foi procrastinação nem stalkeamento da vida alheia, pelas minhas contas, tudo bem. :)

Minha conclusão é bastante parecida com a do mês sem internet depois das 17h, embora eu tenha sentido bem menos ansiedade (limitar é mais fácil do que aprender a usar comedidamente, pra mim). Eu gosto de me perder nas redes sociais, mas não sou totalmente dependente delas.

23 de julho de 2014

O Design de Bea Feitler

Quase passei minha faculdade inteira sem nunca ter ouvido falar nela. Quase. Nos últimos períodos, um dos meus professores mencionou muito por alto que o trabalho de alguém lembrava o estilo dela. Ninguém conhecia. Ele explicou, muito rápido, que ela tinha sido uma grande diretora de arte em NY e que era brasileira, mas por aí o assunto se perdeu.

Guardei o nome na memória, mas só fui relembrar ano passado, quando vi "O Design de Bea Feitler" ali, lindo e enorme, exposto na Livraria da Travessa. Mais uma obra impecável da Cosac Naify (Elaine Ramos, não te conheço mas já te amo), o livro conta com duas narrativas paralelas: uma sobre a vida de Bea, escrita por seu sobrinho Bruno, e outra sobre sua obra, escrita pelo Andre Stolarski. Nas dimensões de uma Harper's Bazaar (revista na qual Bea trabalhou como diretora de arte por muitos anos e logo no início de sua carreira), é repleto de imagens tanto de projetos como de fotografias pessoais dos mais variados tipos. De ícones que todos já vimos e poucos sabemos a autoria, à raridades feitas por nomes como Andy Warhol. Uma delícia de ler, seja pela história, pela carreira ou pelas imagens.



Terminei o livro querendo saber mais. A Bea também não teve uma vida das mais comuns, o que pode ter ajudado também. Filha de pais alemães refugiados do nazismo, ela cresceu em Ipanema. Quando chegou a hora de escolher uma profissão, queria trabalhar com moda e foi para os Estados Unidos fazer faculdade de Design. Se encontrou no design gráfico, e mais precisamente na direção de arte.

Minha sensação é a de que ela sempre esteve no lugar certo e na hora certa. Conheceu as pessoas certas e foi indicada para os cargos certos, teve de graça as oportunidades que muitas pessoas pagariam para ter. Mas, de modo algum, quero diminuir o talento, dedicação e visão que essa mulher possuía e emprestou ao mundo. 

A vida da Bea, pela minha leitura do livro, era muito assim: um furacão, com suas pulseiras que faziam barulho, passos firmes e a voz que tomava as decisões finais nas editoras. A Nova Iorque dos anos 60 e 70, com seu mundo da moda, drogas, Studio 54 e cultura pop. O Rio de Janeiro como safeplace, e uma risada daquelas que ocupam o lugar. Ela trabalhou com tantos nomes conhecidos hoje: Helmut Newton, Richard Avedon, Andy Warhol, Annie Leibovitz; deu aulas pro Keith Harrington, era amiga da Marina Colasanti. Começou cedo, com 25 anos e já diretora de arte, e quando saiu da Harper's Bazaar, foi direto trabalhar com Gloria Steinem na revista Ms. Passou tão rápido e se foi, no início dos anos 80. Perda imensa.




Descobri que já conhecia vários trabalhos icônicos dela, destituídos de sua autoria e contexto como a maioria das coisas que incorporamos à nossa cultura fica. Ela era incrível no processo de diagramar imagens e dar ritmo às sequências de fotos e textos; era inovadora, mas conseguiu refletir seu estilo em tudo que fez. É engraçado olhar produções de design antigas porque dá pra ver o quanto mudou em apenas 30 anos, e o quanto a linguagem visual dessa época está, ainda assim, tão permeada na nossa que as vezes fica difícil distinguir o que ela tinha de tão especial. 

Mas esse é o grande segredo: tão importante que fica invisível. Tão atemporal que se torna inerente. 

Obrigada, Bea.


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